Hoje, 8 de março, comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Disse em recente entrevista que não gosto de ser confundida com feministas. E que gosto de ser mulher. Feminina. Ponto.
Mas preciso, ao bem da verdade, como forma de clarear minha posição, revelar que realmente não gosto de ser medida por aquele conceito do 'exagero', do soutien queimado em praça pública', dos discursos mais radicais, de uma 'luta sem tréguas contra o homem'.
Mas abomino a ideia de ser observada como uma 'dondoca', superficial e amante das longas horas sem fazer nada ou indo, ininterruptamente, às compras com o cartão do marido. Até porque nunca fui isso e nunca serei! Assim, como diz aquela antiga expressão popular, 'nem tanto ao mar nem tanto à terra'.
Porque mesmo que não goste de me fazer representar pelo segregacionismo do discurso politicamente correto, que às vezes pesa nas críticas. Não quero, porém, a culpabilização social, atrelada à imagem criada às avessas, até muitíssimo bem construída pela Igreja Católica, que se notabilizou ao longo da história de nos ligar à noite, à Lilith [demônio feminino]', como forma de fortalecer a crença na 'periculosidade feminina'.
Porque sob este olhar, somos eternas herdeiras, teoricamente, não só da maldição de Lilith [supostamente a primeira esposa de Adão e punida por abandona-lo], como ainda filhas de Eva que abriu caminho para o pecado na Terra, ao comer a maçã proibida.
O tempo passou, as mulheres 'viraram a mesa', trocaram os apetrechos da cozinha, pelo escritório e as ruas e ganharam respeito no mercado. Mas tenho a convicção que há ainda um longo caminho pela frente para conseguirmos, de fato, mudar uma sociedade assentada no ordenamento patriarcal e na heteronormatividade.
Ou seja, apesar de uma luta sem tréguas para assegurarmos respeito social e direitos jurídicos, ainda vivemos sob a tutela de uma organização social baseada no poder masculino.
Ou seja, em regras sociais - hoje com um viés mais envernizado -, contudo, ainda pautado, conceitualmente, na dominação de homens sobre mulheres. Assim, eu tenho consciência plena, que por maiores que tenham sido as transformações sociais nas últimas décadas, com as mulheres ocupando os espaços públicos, o ordenamento patriarcal permanece muito presente em nossa cultura e é cotidianamente reforçado na desvalorização de todas as características ligadas ao feminino, que podem ser vistos na violência doméstica, na aceitação da violência sexual e observado, sobretudo, no número cada vez maior de homens matando, sem piedade, suas mulheres.
Portanto, mesmo que não eu tenha absorvido o discurso mais radical de 'mulheres em constante luta com os homens', comumente classificados como posicionamentos feministas. Preciso, no entanto, apontar o cansaço de ser olhada muito mais como um objeto bonito, do que com um cérebro admirável.
Mesmo que muitas das mulheres que conheço, várias minhas amigas, se notabilizem por unirem com naturalidade a duas coisas. Então hoje passo um pouco distante do registro histórico, oficializado pela Organização das Nações Unidas, ao criar o Dia Internacional da Mulher, comumente comemorado desde o início do século 20, como uma data de protesto.
No entanto, deixo registrado que a luta realizada diariamente pela mulher é exaustiva. E que reivindicar igualdade de gênero, como empresária é uma das tarefas sociais das mais difíceis. Desta forma, por tudo, pelas nossas lutas, nossas dificuldades, nossa correria para dividir as responsabilidades entre casa e mercado de trabalho , eu parabenizo cada mulher.
As aguerridas, as que optaram em ficar dentro de casa criando seus filhos, às que brigam em favor da mulher, em particular, aquelas que têm realizado um belíssimo trabalho no atendimento às mulheres vítimas de violência. A todas parabéns pelo dia de hoje!
Lucy Macedo é empresária, Diretora do Site Única News e Revista Única