A dificuldade de acesso ao mercado de trabalho, a falta de qualificação e os estigmas sociais são algumas das causas que podem levar egressos do sistema prisional à reincidência de crimes. Por conta disso, o Poder Judiciário de Mato Grosso mobilizou representantes da indústria do setor de confecções, do Governo Estadual, da Associação Mato-Grossense dos Municípios (AMM) e do Tribunal de Contas (TCE) para a criação de indústrias têxteis nas unidades prisionais do Estado.
O escopo do projeto foi apresentado pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo de Mato Grosso (GMF-MT) e a Associação Mais Liberdade - instituição que apoia o desenvolvimento da Cooperativa de Responsabilidade Social (COORES-MT).
“Neste encontro, ficamos de formar um grupo de trabalho para podermos construir um projeto de industrialização na área têxtil dos nossos presídios. A ideia é pegarmos a experiência já da iniciativa privada, da Federação das Indústrias, para construirmos esse projeto”, explicou o supervisor do GMF, desembargador Orlando Perri.
Para o vice-presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Jandir José Milan, a iniciativa da Justiça de Mato Grosso deve prosperar. O empresário destacou a necessidade de construir alternativas para a reintegração social e como a indústria pode contribuir.
“A Federação das Indústrias é parceira desse projeto, por entender que é de suma importância para dar condições de trabalho aos presos. Esperamos dar dignidade a essas pessoas, por meio do trabalho. No encerramento da sua pena, ele vai poder ser um microempresário e não voltar para o crime”, afirmou.
Responsável pela criação do projeto inicial, Sandro Augusto Loma, presidente da Associação Mais Liberdade, apresentou a ideia da criação de uma cooperativa aos participantes.
“A proposta é oferecer mão de obra ao mercado, pois sabemos que essa é a maior demanda de todos os setores. Então, vamos focar na qualificação dessas pessoas, na qualidade dos produtos que iremos entregar, seja por meio de licitação para o Estado ou compras diretas”.
Em 2024, a COORES formou 267 pessoas em cursos de corte e costura, cujas confecções foram demandadas por empresas do setor para suprir a falta de mão de obra do mercado.
“Nós pretendemos profissionalizá-las, dar empregabilidade a elas e, evidentemente, dignidade e condições de elas sobreviverem quando deixarem as unidades prisionais”, reforçou o desembargador Orlando Perri, que trabalha para que a indústria de confecções esteja presente em todas as unidades do estado.
"A nossa intenção é espalhar para todo o sistema prisional do Estado de Mato Grosso. Como já dissemos, vamos começar primeiro pelas unidades maiores, Penitenciária Central do Estado (PCE) e Ahmenon. A intenção é espalhar para todas as unidades, as 41 unidades do sistema existentes no Estado", reiterou o desembargador. (Com informações da Assessoria do TJMT)