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Cuiabá, 10 de Julho de 2025

Opinião Quarta-feira, 09 de Julho de 2025, 11:09 - A | A

Quarta-feira, 09 de Julho de 2025, 11h:09 - A | A

ANA BARCHET

O Quinto Constitucional no TJMT: Democracia Direta ou Desafio Financeiro para as Advogadas?

A "democracia direta" pode, na prática, se transformar em uma corrida de obstáculos

Da Redação

A vaga para o Quinto Constitucional no Tribunal de Justiça de Mato Grosso está aberta, e com ela, a velha discussão: a eleição deveria ser direta, com o voto de cada advogada e advogado do estado? À primeira vista, a ideia soa democrática e sedutora. Afinal, quem não quer mais voz e participação?

No entanto, por trás dessa fachada de "democracia total", esconde-se um cenário que, para as advogadas em particular, pode ser mais uma prova de fogo (e de bolso) do que um avanço real. Imagine só: Mato Grosso é um estado continental! Percorrer cada comarca, visitar escritórios e se apresentar a milhares de colegas não é tarefa para qualquer um. É preciso tempo, disposição e, sejamos honestos, um caminhão de dinheiro.

Para as candidatas, o desafio se multiplica. Além das barreiras financeiras e temporais que afetam a todos, elas ainda podem enfrentar uma teia invisível de preconceitos e dificuldades inerentes a um sistema eleitoral que, historicamente, favorece quem já está consolidado e possui mais recursos. A "democracia direta" pode, na prática, se transformar em uma corrida de obstáculos onde apenas os mais abastados (e muitas vezes, os homens) conseguem chegar à linha de chegada com fôlego.

Será que a verdadeira democracia está em transformar a eleição do Quinto Constitucional em um reality show eleitoral, onde vence quem tem mais dinheiro para impulsionar a campanha e menos tempo no escritório? Ou será que precisamos pensar em mecanismos que garantam não apenas a participação, mas a igualdade de oportunidades para que as melhores e mais qualificadas advogadas e advogados, independentemente de seu poder aquisitivo, possam de fato concorrer?

É uma reflexão importante, e quem sabe, o caminho para uma representatividade mais justa no TJMT não esteja na grandiosidade de uma eleição direta, mas na inteligência de um processo que valorize o mérito e a competência acima do tamanho da conta bancária.

Ana Carolina Barchet, ex conselheira federal da OAB/MT (2019/2024)