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Cuiabá, 02 de Agosto de 2025

Justiça Estadual Segunda-feira, 21 de Julho de 2025, 12:57 - A | A

Segunda-feira, 21 de Julho de 2025, 12h:57 - A | A

ASSASSINATO DE ADVOGADO

MP vê motivação mesquinha e denuncia casal por morte de Nery

Segundo o MP, a empresária teria arquitetado o crime após perder uma disputa de terras, dizendo que “ele não ia viver para gastar o que tomou dela"

Lucielly Melo

O Ministério Público do Estado (MPE) aditou denúncia sobre a morte do advogado Renato Nery para incluir os empresários Julinere Goulart Bentos e César Jorge Sechi como mandantes do crime.

Ao longo da denúncia, o MP narrou que o crime ocorreu por conta de uma disputa de terras. E que, por não aceitar perder o processo em que o advogado sagrou vencedor, Julinere teria arquitetado o crime, dizendo que “ele não ia viver para gastar o que tomou dela".

No aditamento à inicial, apresentado no último dia 18, os promotores de Justiça Élide Manzini de Campos, Rinaldo Segundo e Vinicius Gahyva Martins, que integram o Núcleo de Defesa da Vida de Cuiabá, destacaram os elementos que apontam pela a participação do casal na empreitada criminosa. Renato Nery foi morto a tiros, na frente de seu escritório, na Capital, em 5 de agosto de 2024.

Provas indiciárias demonstram que Julinere é quem exerceu o papel de mentora intelectual do assassinato. Testemunha citada pelo MP afirmou que a empresária exteriorizava sua indignação após o insucesso judicial envolvendo a área em litígio no município de Novo São Joaquim, no interior de Mato Grosso, proferindo ameaças de morte ao advogado.

“Evidenciou-se, destarte, que a denunciada JULINERE GOULART BENTOS, tomada por inconformismo diante de decisão judicial que beneficiou a vítima Renato Gomes Nery, articulou os contatos necessários para viabilizar sua execução”, destacou o documento.

Julinere, inclusive, confessou a autoria do crime informalmente ao delegado de polícia, quando foi presa.

Já César Jorge Sechi colaborou com o crime, segundo o MP, oferecendo o pagamento de R$ 200 mil para que o policial militar Jackson Pereira Barbosa, indiciado no caso, intermediasse o assassinato com outros investigados. O sargento da PM, Heron Teixeira, é dado como o executor do crime.

Para os promotores, o homicídio qualificado foi cometido “mediante emprego de meio que acarretou perigo comum, considerando que a execução ocorreu em plena via pública, durante horário comercial de intensa movimentação”.

O MP citou como qualificadora o emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima, já que Renato foi surpreendido no momento em que se preparava para subir as escadas de acesso ao escritório de advocacia.

Além disso, apontou motivo torpe, “configurado pelo inconformismo e profundo ressentimento decorrente do insucesso judicial na contenda envolvendo considerável extensão territorial no Município de Novo São Joaquim/MT”.

“A torpeza evidencia-se pela motivação mesquinha dos denunciados que, não se conformando com decisão judicial que beneficiou a vítima Renato Gomes Nery na disputa fundiária, coordenaram sua execução movidos exclusivamente por vingança e ganância”, completou.

O caso, que tramita em sigilo, será analisado pela 14ª Vara Criminal de Cuiabá.