O juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá (Especializada da Justiça Militar), remarcou para próximo dia 19 de março a audiência de instrução e julgamento no processo em que a tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, é ré em mais um caso de suposta tortura.
A audiência deveria ter ocorrido no ano passado, mas acabou sendo cancelada. Desta forma, o magistrado remarcou a nova data, determinado a intimação das partes e dos juízes militares que compõem o Conselho Especial.
O processo é referente ao aluno Maurício Júnior dos Santos que, em 2016, teria sido submetido a intenso sofrimento físico e mental por parte da tenente, durante treinamento aquático na Lagoa Trevisan, em Cuiabá.
De acordo com a ação promovida pelo Ministério Público, enquanto atravessava a lagoa, Maurício começou a sentir câimbras, sendo auxiliado por outros alunos. Inclusive, recebeu uma boia ecológica de um dos tenentes que estavam no treinamento. Segundo o MPE, Ledur determinou que os demais alunos seguissem a travessia e deixassem Maurício para trás – quando ela começou a dar “caldos” (afogamentos) na vítima.
“A partir daí, como forma de aplicar castigo pessoal, a denunciada passou a torturar física e psicologicamente a vítima, quando, além de proferir palavras ofensivas, utilizando a corda da boia ecológica iniciou uma sessão de afogamentos, submergindo-a por diversas vezes”, diz trecho da denúncia.
“Ato contínuo, após alguns “caldos”, o ofendido já sem forças para emergir e respirar, depois de ter engolido muita água e gritado por socorro, veio a segurar os braços da imputada 1º Tem BM Izadora Ledur de Souza Dechamps, implorando para que ela cessasse a atividade”, diz outro trecho da denúncia.
Ainda segundo os autos, Maurício vomitou bastante água e, mesmo diante da situação, a tenente exigiu que o aluno retornasse à lagoa. A denúncia conta, ainda, que Maurício passou mal, com fortes dores de cabeça e acabou sendo levado à Policlínica do Coxipó, para atendimento médico.
Vale lembrar que Ledur foi processada e julgada pela suposta tortura que teria resultado na morte do aluno Rodrigo Patrício Lima Claro, também em 2016. Ela acabou sendo condenada a 1 ano de detenção pelo crime de maus-tratos, mas a punibilidade acabou sendo extinta.