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17 de Setembro de 2024

Penal Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2024, 07:58 - A | A

26 de Janeiro de 2024, 07h:58 - A | A

Penal / OPERAÇÃO ESPELHO

Secretária adjunta da Saúde é denunciada pelo MP, que pede R$ 50 mi

O MPE aditou a denúncia e imputou o crime de organização criminosa à secretária, que teria atuado num esquema fraudulento na Pasta

Lucielly Melo



O Ministério Público do Estado (MPE) aditou a denúncia da 1ª fase da Operação Espelho, imputando à secretária adjunta de Gestão Hospitalar da Secretaria de Estado de Saúde, Caroline Campos Dobes Conturbia Neves, a prática do crime de organização criminosa. 

O promotor de Justiça Sérgio Silva pediu a perda do cargo público e que ela repare os cofres públicos em R$ 50 milhões.

O MP ainda requereu a proibição de novas nomeações na Administração Pública Estadual e também o acesso dela às dependências da Secretaria de Estado de Saúde.

No aditamento da denúncia, a 24ª Promotoria de Justiça Criminal também requereu o aumento da pena, em caso de eventual condenação, de outras 19 pessoas já denunciadas na primeira fase da operação.

A medida foi adotada em razão do envolvimento da servidora pública na organização.

“Não há como desvincular o sucesso da empreitada criminosa da organização criminosa da ação da denunciada Caroline Campos Dobes Conturbia Neves, que utilizando do cargo de secretária adjunta da Secretaria de Estado de Saúde favoreceu as empresas integrantes do grupo criminoso, contratando-as com preço acima do praticado no mercado, embora reiteradamente advertida sobre as irregularidades nos procedimentos licitatórios pela Procuradoria Geral do Estado”, diz um trecho da denúncia.

Segundo o MPE, durante as investigações foi constatado que a secretária adjunta agiu no interesse da organização em pelo menos sete processos licitatórios, com valor global de R$ 43.455.495,96, contrariando, inclusive, pareceres jurídicos da Procuradoria Geral do Estado.

Acrescentou, ainda, que relatório de auditoria da Controladoria-Geral do Estado demonstrou que houve o pagamento indenizatório pelo Estado no montante de R$ 90,8 milhões sem prévia realização de licitação ou outro procedimento de contratação direta, bem como sem cobertura contratual em favor das empresas envolvidas no esquema criminoso.

Denúncia

Em 7 de dezembro do ano passado, 22 pessoas, entre agentes públicos e médicos empresários, foram denunciadas pelo MPE pelos crimes de organização criminosa, peculato e fraude a licitações em contratos públicos.

Na denúncia, o MPE requereu a reparação dos danos causados aos cofres públicos na ordem de R$ 57,5 milhões e a declaração da perda dos cargos públicos de três denunciados.

O promotor de Justiça Sérgio Silva Costa esclareceu que na primeira denúncia não foi imputado à secretária adjunta de Gestão Hospitalar a prática do crime de organização criminosa. Explicou, no entanto, que no decorrer das investigações novos horizontes de fatos criminosos, envolvendo a prestação de serviços médicos e hospitalares em vários municípios, estão surgindo.

Segundo ele, na primeira denúncia oferecida contra o grupo foi requerida a prisão dos envolvidos, mas o pedido foi negado pela Justiça. Na ocasião, a denúncia contra a secretária ajunta também não foi recebida.

“Já interpomos recurso contra estas duas decisões”, informou.

Ele explicou que os fatos apontados nesta primeira denúncia ocorreram durante a pandemia causada pelo pela Covid-19. Os denunciados teriam se aproveitado da situação de calamidade pública para orquestrar esquema milionário de manipulação das contratações junto aos hospitais municipais e regionais de Mato Grosso, entre os anos de 2020 e 2021.

Segundo o MPE, informações privilegiadas e combinações de preço, sem qualquer pesquisa de mercado ou competitividade, resultaram em um verdadeiro “jogo de cartas marcadas” para distribuição das contratações com o poder público. Foram apurados ainda superfaturamento por inexecução, pagamentos de plantões médicos de infectologistas e cirurgiões gerais não comprovados, dentre outras irregularidades. (Com informações da Assessoria do MPE)