Dia 20 de fevereiro de 2019 fui participar da colação de Grau em Direito do meu filho Rodrigo Pulino Vargas que formou-se na Universidade de Cuiabá, Campus Pantanal. Como não poderia ser diferente, preparei-me para uma cerimônia formal de entrega de certificados para Bacharéis em Direito.
Para minha mais absoluta surpresa, a cerimônia estava marcada para as 10 (dez) horas da manhã, no Centro de Eventos Pantanal em local sem ar-condicionado e, se tal não bastasse, a cerimônia não seria somente dos Bacharéis em Direito, mas, também, de Bacharéis em Administração (FGV), em Agronomia, em Nutrição, em Técnico de Fotografia, entre tantos outros Técnicos que, sim, confesso, perdi o número de turmas que estavam colando Grau na mesma hora e mesmo local. Mais de 350 (trezentos e cinquenta) alunos desfilaram pelo Centro de Eventos.
Não precisaria relatar que como estava para participar de uma cerimônia de formatura em Direito, eu estava de terno e gravata e, por isso, quando o último(a) aluno(a) da última turma entrou no salão, minha roupa já estava encharcada de suor, num misto de indignação, de vergonha e de desrespeito que sentia. Não por mim, mas por todos os pais, todos os convidados, todos os(as) alunos(as) de todas as turmas.
Por 15 (quinze) anos lecionei naquela Instituição Superior. Fui Paraninfo de Turma. Amigo de Turma. Mas jamais tinha visto algo parecido!
Deveria ter uns 200 alunos de Direito se formando, todavia, de forma inusitada, a meu ver, a oradora foi uma aluna da Faculdade de Nutrição. Nada contra qualquer Curso Superior ou Técnico, mas, não há precedentes neste sentido.
A verdade é que colocar mais de 5.000 (cinco mil) pessoas dentro de um lugar fechado, sem ar condicionado, às 10 (dez) horas da manhã, com sol à pino (40ºC), na sombra, é, no mínimo, indignante, desrespeitoso.
Fazer uma colação de Grau, com Cursos totalmente diversos em suas áreas de atuação, onde sequer o Diretor (hoje Coordenador do Curso) pudesse se manifestar – imagine o paraninfo das turmas – é, no mínimo, vergonhoso. Os alunos passavam pelas autoridades que entregavam o certificado em fila indiana. Um (de algum Curso) representou todos os demais, seja para receber o “Capelo” (Chapéu que vai na cabeça do formando), seja para fazer o juramento (Sim, o juramento foi o mesmo para todos os Cursos!), seja para a manifestação do(a) Orador(a) da Turma.
Enfim, servem estas linhas para registrar minha indignação e repudio com tal situação, e, também para aproveitar e pedir às autoridades da cátedra que não repitam esse ultraje com seus alunos que, não tenho dúvida, sonham com este dia, com os pais dos alunos que durante anos, acompanham seus filhos na busca de tão sonhado objetivo, com os convidados que muitas vezes vem de longe – outros estados – inclusive idosos, para participarem deste sonho. Acredito que a própria Ordem dos Advogados do Brasil deveria fiscalizar este ato formal que dá àqueles que farão parte de seus quadros o título de Bacharel em Direito e, não deixar que isto ocorra novamente.
Enfim, fica aqui meu desabafo, num misto de indignação, vergonha e desrespeito por parte daquela Instituição de Ensino que um dia ajudei a construir.
Darlã Martins Vargas é ex-professor do ensino superior, Mestre em Direito e Advogado.