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Opinião Sexta-feira, 24 de Julho de 2020, 09:41 - A | A

24 de Julho de 2020, 09h:41 - A | A

Opinião /

A advocacia pós-pandemia. Para onde e como vamos?

Alguns caminhos não têm volta, fato, mas podemos escolher como vamos percorrê-los



A Pandemia vai passar. Mas seus efeitos não. Permito aqui, antes de entrar no assunto principal deste texto, lamentar a morte de tantas pessoas, cada uma especial para alguém. Essas sim, consequências que trazem dores irreparáveis e insuperáveis para quem perde uma pessoa querida, sobretudo de forma tão repentina e sem despedidas. Porém, venho para falar de outros efeitos, os práticos, profissionais e tecnológicos.

A advocacia, uma das mais tradicionais e antigas carreiras, já vinha passando por um processo importante de modernização e digitalização. Soluções tecnológicas já estavam em prática para agilizar o judiciário, reduzir custos e democratizar o acesso à justiça. Mas este processo ocorria de forma gradual e vertical.

As instituições vinham se modernizando e possibilitando que os profissionais pudessem aderir à esta transformação. Por exemplo, o acesso digital aos processos promoveu a disponibilização da ferramenta pelo Poder Judiciário para que então os advogados usufruíssem de tal tecnologia. E assim vinha caminhando. Sites mais modernos, algumas audiências por vídeo conferência, mas dentro de um prazo até então confortável e previsível.

O que Pandemia fez foi acelerar muito todo este processo, atropelando quem não conseguiu acompanhar. Em dias, escritórios físicos foram desmobilizados, dando espaço a escritórios virtuais. Equipes passaram a trabalhar em rede, mas cada um de sua casa, e a Justiça viabilizou a continuidade das audiências e julgamentos à distância. Agora, como voltar?

Muitos percebem neste novo cenário a possibilidade de reduzir custos, otimizar os atendimentos e ampliar a carteira de clientes com virtualização do trabalho. Mas também surgem as lacunas e vazios que ainda não sabemos como serão preenchidos. Advogados que trabalhavam representando escritórios de outras regiões encerraram suas parcerias e, consequentemente, perderam receita. Outros, mais experientes e acostumados a uma advocacia mais artesanal e próxima do cliente, ainda tentam se encontrar neste novo mundo que encurtou distância, mas, sem sombra de dúvidas se tornou um tanto quanto frio sem o corpo a corpo tão peculiar existente entre cliente e advogado(a).

O que precisamos, enquanto categoria, é nos organizar para entender para onde estamos caminhando e, por meio da força coletiva, direcionar e ajustar como, quando e até onde irá esta digitalização. Alguns caminhos não têm volta, fato, mas podemos escolher como vamos percorrê-los.

A Caixa dos Advogados também está se reinventando. Buscando novas formas para atender os advogados e mais parceiros que possam agregar serviços e valores à atuação e à vivência de cada um. Queremos conhecer as necessidades desta nova realidade para permitir que todos possam integrar o chamado “novo normal”.

Itallo Gustavo de Almeida Leite, presidente da Caixa dos Advogados de Mato Grosso