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Cível Quinta-feira, 03 de Agosto de 2023, 14:18 - A | A

03 de Agosto de 2023, 14h:18 - A | A

Cível / IMPROBIDADE

STF mantém ação de improbidade contra Bezerra e outros acusados de favorecer assassino

Fachin reconheceu a perda de objeto do RE para manter o julgado do STJ que determinou o prosseguimento da ação

Lucielly Melo



O ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, julgou prejudicado o Recurso Extraordinário que questionava uma ação de improbidade administrativa ajuizada contra o deputado federal Carlos Bezerra e outros, acusados de darem fuga a José Rezende da Silva (Zé Guia), ex-prefeito de Juscimeira, pronunciado pela morte do agricultor Valdivino Luiz Pereira em 1983.

Na decisão, Fachin reconheceu a perda de objeto, o que na prática mantém a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que havia derrubado a sentença do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e determinado o seguimento da ação.

De acordo com os autos, Bezerra na condição de ex-senador da República teria orientado Zé Guia a se evadir da culpa até que ele tomasse posse no cargo de prefeito, na condição de ajudá-lo junto ao Tribunal de Justiça já que passaria a ter foro privilegiado.

Acusado de homicídio, Zé Guia deixou de comparecer a três sessões do Tribunal do Júri, o que resultou em sua prisão. Assim, teria sido orientado por Bezerra a se esconder, tomar posse e se esconder de novo, enquanto o então senador resolveria sua liberdade.

“A configuração de crime contra a Administração da Justiça pode, perfeitamente, configurar também ato de improbidade, embora não se confundam as esferas. No caso, o auxílio, intelectual e material, por senador, para o réu evadir-se da autoridade policial até que tomasse posse como prefeito e, assim, manipulasse a competência do foro para tentar obter a revogação da ordem de prisão expedida por faltar reiteradamente do Tribunal do Júri, onde respondia por homicídio, configura conduta ímproba e inequivocamente desleal às instituições”, diz um trecho da decisão do STJ.

A Corte assentou ainda que “o cargo de prefeito, ou de senador, não se prestam a dar guarida ou fuga a criminosos. Por isso que o uso desses cargos, de seu prestígio e prerrogativas, enseja o enquadramento dos atos como ímprobos”.

Também respondem a ação: deputado estadual, Ondanir Bortolini, o "Nininho" (PSD), o ex-deputado Gilmar Fabris (PSD) e Zé Guia.

Morte Valdevino

De acordo com as investigações, Valdevino foi morto depois de uma discussão por fogos de artifício com Zé Guia, na zona rural de Juscimeira, onde plantava arroz com a esposa e cinco filhos.

A vítima foi imobilizada pelo policial militar aposentado Francisco Martins Pereira, enquanto Zé Guia disparava os cinco tiros que tiraram a vida do agricultor.

Zé Guia foi condenado no ano de 2001 a 12 anos de prisão.  

LEIA ABAIXO A ÍNTEGRA DA DECISÃO DE FACHIN