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12 de Outubro de 2024

Cível Segunda-feira, 23 de Setembro de 2024, 09:08 - A | A

23 de Setembro de 2024, 09h:08 - A | A

Cível / CUMPRIMENTO DE DECISÃO

MPF cobra desintrusão imediata de terra indígena em MT

Apesar de a decisão judicial definir o prazo de seis meses para cumprimento, a carta precatória da ação não possui andamento desde 19 de julho, ou seja, está parada há quase dois meses

Da Redação



O Ministério Público Federal (MPF) apresentou à Justiça Federal manifestação para intimação urgente da União para esclarecer quais providências estão sendo tomadas para a desintrusão da Terra Indígena (TI) Urubu Branco, em Mato Grosso, determinada em 12 de julho.

Apesar de a decisão judicial definir o prazo de seis meses para cumprimento, a carta precatória da ação não possui andamento desde 19 de julho, ou seja, está parada há quase dois meses. A carta precatória foi expedida pela Justiça Federal para a Justiça Estadual, na comarca de Porto Alegre do Norte, para o cumprimento da sentença.

De acordo com o procurador da República Ricardo Pael Ardenghi, a unidade da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Cuiabá, após tomar conhecimento da decisão, informou que a atribuição sobre a TI Urubu Branco é da Coordenação Regional da Funai Araguaia/Tocantins. Porém, essa foi a última informação adicionada no andamento do processo; nada mais foi registrado, nem ao menos o direcionamento de ofício ou intimação à Funai Araguaia/Tocantins, conforme relatou o procurador.

A Funai esclareceu, ainda, que em 2023 o MPI assumiu a liderança operacional dos processos de desintrusão e que, como já trabalhava no caso desde 2018, enviou ofício para o ministério em 2023 com todas as informações e documentos técnicos levantados até então, incluindo proposta preliminar de plano de desintrusão. Além disso, a unidade recomendou à Funai Araguaia/Tocantins que estabelecesse tratativas com a Polícia Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para implementação de ações de combate a crimes ambientais na TI Urubu Branco.

Segundo apurado pelo MPF, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) chegou a pautar a questão no Comitê Interministerial de Desintrusão de Terras Indígenas em outubro de 2023, entretanto, em julho de 2024, após várias reuniões com a participação de uma comitiva de indígenas do Povo Tapirapé - ocupante da TI Urubu Branco -, as lideranças foram informadas da impossibilidade material e financeira da União em operacionalizar a desintrusão de mais uma TI. Logo após, de acordo com a Funai, o MPI comunicou que iniciaria tratativas junto à Casa Civil da Presidência da República para inclusão da desintrusão da Terra Indígena Urubu Branco no calendário operacional junto com outras previstas na ADPF 709.

Em 6 de agosto de 2024, o MPI se comprometeu a realizar "a atualização das informações acerca da tramitação do caso no âmbito do Comitê Interministerial de Desintrusão de Terras Indígenas, para retomada das tratativas voltadas a definição de calendário operacional para cumprimento da medida". Nesse sentido, a Funai encaminhou de pronto ao ministério todos os dados atualizados acerca do planejamento operacional da desintrusão. Porém, desde 19 de julho, não houve qualquer andamento.

O MPF apontou, na manifestação apresentada à Justiça, que o MPI, ainda que seja o responsável capitanear, planejar e operacionalizar a interlocução com os entes estatais envolvidos no processo, segue sem cumprir a decisão judicial.

“A União tomou ciência da decisão no dia 19 de julho sem nada dizer sobre o seu cumprimento, seja a respeito da atuação da Polícia Federal, seja do Ministério dos Povos Indígenas”, afirmou o procurador Ardenghi. (Com informações da Assessoria do MPF-MT)