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Penal Terça-feira, 04 de Abril de 2023, 07:29 - A | A

04 de Abril de 2023, 07h:29 - A | A

Penal / MORTE DE CASAL

Empresário opta por silêncio; juíza aguarda pareceres para decidir se ele irá a júri popular

O processo vai com vista ao Ministério Público para memoriais finais, depois para o assistente da acusação e, no final, para a defesa; cada parte, terá o prazo de cinco dias para apresentar os pareceres

Lucielly Melo



Após realizar a audiência de instrução e julgamento, a juíza 1ª Vara Especializada em Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Cuiabá, Ana Graziela Vaz de Campos, vai aguardar as manifestações da defesa e do Ministério Público para decidir se irá pronunciar o empresário Carlos Alberto Gomes Bezerra pela morte da servidora do Judiciário, Thays Machado, e do namorado dela, Willian Cesar Moreno.

A oitiva ocorreu nesta segunda-feira (3).

Conforme informações da Assessoria de Imprensa do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), por solicitação da defesa, o réu não participou da audiência, pois preferiu exercer o direito de ficar em silêncio.

Por outro lado, a magistrada ouviu sete testemunhas do caso.

Agora, o processo vai com vista ao Ministério Público para memoriais finais, depois para o assistente da acusação e, no final, para a defesa. Cada parte, terá o prazo de cinco dias para apresentar os pareceres.

Após, os autos retornam ao gabinete da juíza, que decidirá se o acusado vai ser julgado pelo júri popular.

O caso continua em segredo de Justiça.

Entenda o caso

O crime ocorreu no dia 18 de janeiro deste ano, na frente de um prédio residencial, no bairro Alvorada, na Capital. O casal morreu na calçada do prédio após o acusado disparar tiros contra as vítimas.

Horas após o crime, o acusado, que é filho do ex-deputado federal Carlos Bezerra, foi preso em flagrante numa fazenda da família, no município de Campo Verde.

Conforme apurado durante a investigação policial, Carlinhos, como é conhecido, manteve um relacionamento amoroso por cerca de dois anos com Thays Machado, chegando a morar com a vítima. E, desde o início, ele se mostrou controlador e possessivo por vigiar cuidadosamente cada movimento dela, incluindo o telefone celular e as redes sociais.

Na denúncia, o Ministério Público apontou que, embora “estivesse inserida num relacionamento explicitamente abusivo, a vítima não encontrava forças para rompê-lo e buscar auxílio pelas vias policiais e judiciais disponíveis, pois entendia que, pelo fato de o denunciado ser filho de político de renome, tinha ‘costas quentes’, havendo risco, inclusive, da situação ser revertida contra ela”.

Em dezembro de 2022, Thays rompeu o relacionamento. Desconfiado de que ela estava com outro, ele “passou a vigiá-la mais intensamente ainda, monitorando-a a todo tempo através de ligações, aplicativos de rastreamento, já planejando a sua morte”.

Em janeiro de 2023, ela iniciou novo relacionamento com Willian Cesar Moreno. No dia 18 de janeiro, Thays foi com o carro da mãe buscar o namorado no aeroporto. Utilizando os mecanismos de rastreamento a que tinha acesso, Carlos teria a seguido até Várzea Grande, acompanhado o desembarque do namorado, e seguido o carro na volta quando foi percebido pelo casal. A mulher ligou para o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), registrou o caso na Central de Flagrantes, mas Carlos conseguiu fugir.

Na mesma data, durante a tarde, Thays e Willian foram até o prédio da mãe dela para devolver o carro. Depois de deixar as chaves do veículo da mãe na portaria do prédio, Thays e Willian caminharam até a calçada na frente do edifício para chamar um Uber, quando foram mortos.

Para o MPE, o acusado agiu “de forma cruel e covarde, revelando extrema perversidade, ao agredir a vítima com diversos disparos de armas de fogo, descarregando uma pistola semiautomática em área urbana de intensa movimentação de pessoas, em plena luz do dia, no horário comercial de um dia útil”.