O suposto líder da facção criminosa “ELLO/FMC” envolvida com o jogo do bicho em Mato Grosso, Frederico Muller Coutinho, conseguiu revogar sua prisão preventiva e vai usar tornozeleira eletrônica.
A soltura foi determinada pela Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) durante sessão de julgamento nesta quarta-feira (14).
O relator do caso, desembargador Rui Ramos, votou para acolher o habeas corpus impetrado pela defesa. Ele destacou que Coutinho não tem antecedente criminal e que ostenta a mesma condição de alguns eventuais integrantes da organização criminosa Colibri, rival da ELLO/ FMC, já se encontram soltos.
“Ele não ostenta nenhum antecedente criminal nesse caso, é a mesma situação dos demais, de modo que aquelas medidas que colocamos também me parecem suficientes para evitar a continuidade dessa atividade, até porque a prisão não é o único modo de conter essa atividade. Ela pode ser contida com bloqueio de valores, com a colocação de monitoramento eletrônico para as proibições de comunicação”, disse o relator.
Ao acompanhar o voto do relator, o desembargador Gilberto Giraldelli ainda acrescentou que o habeas corpus deveria ser acolhido, já que “é o mesmo peso e a mesma medida, o que se decidiu da outra facção tem que ter o mesmo valor para esta, quando não há nenhuma diferença na situação fática”.
O desembargador Juvenal Pereira também opinou pela concessão da liberdade.
Coutinho é delator na Operação Sodoma, que apurou desvios esquema de corrupção na gestão do ex-governador Silval Barbosa.
Operação Mantus
A Operação Mantus foi deflagrada no último dia 29 de junho, quando levou à prisão o ex-comendador João Arcanjo Ribeiro, seu genro Giovanni Zem Rodrigues e Frederico Muller Coutinho, por suposto envolvimento no jogo do bicho em Mato Grosso.
Na ocasião, o Gaeco cumpriu, ao todo, 63 ordens judiciais, sendo 33 de prisão preventiva e 30 de busca e apreensão domiciliar, expedidos pelo juiz da 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, Jorge Luiz Tadeu.
Foram decretados ainda os bloqueios de contas e investimentos em nome dos investigados, bem como houve o sequestro de ao menos três prédios vinculados aos crimes investigados
As investigações iniciaram em agosto de 2017, conseguindo descortinar duas organizações criminosas: a Colibri, supostamente liderada por Arcanjo e a segunda, denominada ELLO/FMC, comandada por Frederico Muller. As duas comandavam o jogo do bicho em Mato Grosso e teriam movimentado em um ano, apenas em contas bancárias, mais de R$ 20 milhões.
Durante as apurações, foi identificada uma acirrada disputa de espaço pelas organizações, havendo situações de extorsão mediante sequestro praticada com o objetivo de manter o controle da jogatina em algumas cidades.
Também foram identificadas remessas de valores para o exterior, com o recolhimento de impostos para não levantar suspeitas das autoridades.
Denúncias
O Ministério Público ofereceu duas denúncias contra os membros das organizações criminosas.
Na primeira denúncia, 14 pessoas, entre elas João Arcanjo Ribeiro e seu genro, Giovanni Zem Rodrigues vão responder pelos crimes de organização criminosa, contravenção penal do jogo do bicho, extorsão, extorsão mediante sequestro e lavagem de dinheiro.
Além dos dois também foram denunciados Noroel Braz da Costa Filho, Mariano Oliveira da Silva, Adelmar Ferreira Lopes, Sebastião Francisco da Silva, Marcelo Gomes Honorato, Agnaldo Gomes de Azevedo, Paulo César Martins, Breno César Martins, Bruno César Aristides Martins, Augusto Matias Cruz, José Carlos de Freitas, vulgo “Freitas” e Valcenir Nunes Inerio, conhecido como “Bateco”.
Já a segunda denúncia, referente à organização ELLO/FMC, abrange 19 pessoas. Frederico Müller Coutinho, Dennis Rodrigues Vasconcelos, Indinéia Moraes Silva, Kátia Mara Ferreira Dorileo, Madeleinne Geremias de Barros, Glaison Roberto Almeida da Cruz, Werechi Maganha dos Santos, Edson Nobuo Yabumoto, Laender dos Santos Andrade, Patrícia Moreira Santana, Bruno Almeida dos Reis, Alexsandro Correia, Rosalvo Ramos de Oliveira, Eduardo Coutinho Gomes, Marcelo Conceição Pereira, Haroldo Clementino Souza, João Henrique Sales de Souza, Ronaldo Guilherme Lisboa dos Santos e Adrielli Marques vão responder pelos crimes de organização criminosa, contravenção penal do jogo do bicho e lavagem de dinheiro.