Há quase quatro anos, Barra do Garças e região não registram feminicídios. É nesse cenário de resultados que foram inaugurados os Bancos Vermelhos em Barra do Garças, no Mirante do Cristo Redentor, e em Pontal do Araguaia, na Praça do Pequi.
O Banco Vermelho é um símbolo internacional de combate ao feminicídio e à violência contra a mulher. Confeccionado em madeira, é pintado de vermelho, cor que representa o sangue derramado pelas vítimas. Cada banco traz frases de impacto contra a violência de gênero, além de um QR code com informações sobre como participar da causa.
A desembargadora Maria Erotides Kneip explicou a origem da iniciativa.
"O Banco Vermelho é uma política pública criada por duas mulheres que perderam amigas vítimas de feminicídio. Elas idealizaram um instrumento simples, que pudesse ocupar espaços públicos de grande circulação".
Ela ressaltou que se trata de uma política democrática, capaz de alcançar pessoas de todas as classes sociais. Hoje, a iniciativa é prevista na Lei Federal nº 14.942/2024.
Rede que funciona
A desembargadora Maria Erotides destacou a atuação local.
"A Rede daqui é um exemplo para o país. É a mais antiga do estado e talvez uma das mais antigas do Brasil. Funciona muito bem", destaca.
Ela ressaltou o trabalho da Patrulha Maria da Penha, da Rede de Enfrentamento, das forças de segurança e, especialmente, do juiz Marcelo Souza Melo Bento Resende, da 2ª Vara Criminal de Barra do Garças, que considera exemplar.
O magistrado, por sua vez, explicou que o diferencial da região está na maturidade da Rede de Enfrentamento.
"A iniciativa é da Polícia Militar. Aqui, cada órgão faz seu papel: Judiciário, Ministério Público, Município, PM, Polícia Civil, PRF, iniciativa privada. É uma Rede madura, com anos de atuação e sempre trazendo ideias novas", afirmou.
Sobre a não ocorrência de feminicídios no município, o juiz é direto: "As pessoas vivem a Rede. É algo conhecido por todos. O banco é mais uma ação simbólica, que reforça essa conscientização".
Ele disse que Barra do Garças é pioneira na aplicação dos grupos reflexivos para homens autores de violência doméstica, com mais de 10 anos de atuação, iniciativa que ajuda a quebrar ciclos de violência ao fazer com que os agressores reflitam sobre seus comportamentos.
"Violência doméstica não é um problema do casal, é uma questão social", pontua o juiz Marcelo. "Quanto mais trabalhamos, mais percebemos que precisamos trabalhar."
Alerta necessário
Enquanto Barra do Garças e Pontal do Araguaia celebram quatro anos sem feminicídios, Mato Grosso ainda enfrenta números preocupantes. De janeiro a outubro de 2025, o estado registrou 46 feminicídios, um aumento de 18% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram contabilizados 39 casos. Somados aos homicídios dolosos de mulheres, são 87 vidas perdidas em dez meses. (Com informações da Assessoria do TJMT)






