Hoje, como eu, centenas de milhares de outras pessoas têm feito a mesma pergunta diariamente: e agora, o que fazer, de fato, com a presença real da Covid-19, que entrou sem avisar em nossas vidas, nas nossas casas, nos nossos trabalhos? Uma pandemia que colocou em perigo a vida das pessoas que amamos, em particular aquelas que fazem parte do grupo de risco, ou seja, os mais idosos, que são nossos pais, tios, amigos, enfim. Ou ainda aqueles que têm comorbidades, como diabetes, pressão alta, deficiências respiratórias ou casos em andamento de câncer ou ainda as portadoras de doenças autoimunes.
Assim, fomos todos para o isolamento social. Voluntariamente ou por força dos decretos governamentais, em especial se tratando de Mato Grosso e Cuiabá. Sem falar nas orientações diárias e ininterruptas do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde, exigindo o máximo de higienização nas nossas vidas como forma de evitar e conter o novo coronavírus.
Literalmente, já meio paranoicos, lavamos as mãos o dia inteiro. De tantas vezes, elas até começam a empalidecer pelo uso do sabonete e álcool em gel.
Sair sem máscaras, então, é praticamente um suicídio. Sem esquecermos que, a partir de 1º de maio, sua utilização será obrigatória e tutelada pela lei, dando direito às autoridades de nos cobrar uma multa de R$ 140. Assim, aquele que for flagrado sem a utilização da máscara terá que desembolsar um bom dinheiro a cada vez, diga-se de passagem, que for pego sem a proteção individual.
Mas diante de tantas informações e, claro, das contrainformações, não sabemos mais o que fazer. Afinal, lá fora, no mundo real, longe do distanciamento social que muitos de nós vêm realizando, já existem sinais claros de uma paralisia econômica que pode resultar em uma gigantesca recessão, com muitos empresários indo, daqui a pouco, à bancarrota.
Mais preocupante ainda são aqueles que dependem do seu trabalho do dia para levar comida à noite para casa. Por mais que as ajudas solidárias de muitas pessoas possam aliviar um pouco, essa ajuda não chega a todos.
Diante deste cenário de filme de ficção, já não sabemos que caminho tomar. Vamos trabalhar? Não! Agora precisamos ficar em casa. Assim, em processo bastante dual, estamos chegando a uma matemática simples: ou morreremos pelo vírus ou morreremos de fome.
Sem falar em situações que, se não fossem difíceis, se tornariam cenas engraçadas do cotidiano, com o filho pulando na cama, na mesa, na cadeira, no sofá novo e, pior, branco. E isto, obviamente, ao som do cachorro latindo achando que os pulos infantis são uma grande brincadeira que ele deve acompanhar. Sem falar que, neste momento de excepcionalidade - com a suspensão das aulas -, somos responsáveis em darmos aulas aos nossos filhos. Com muitos de nós sendo obrigados a voltar a estudar para sabermos como explicar física, geometria, matemática e química. Um verdadeiro Deus nos acuda!
Isto, claro, paralelamente, convivendo com as dezenas de grupos no WhatsApp repassando o tempo todo o vídeo do infectologista americano, chinês, italiano, português, espanhol ou ainda daquele post 'bárbaro' do médico que te diz que o 'mundo mudou', ou o desespero do empresário, com seus temores com a recessão econômica.
Além das inúmeras cenas dos hospitais, nas tevês, mostrando os contágios cada vez mais presentes nas vidas dos profissionais de saúde, que vêm trabalhando, de frente, no combate ao coronavírus. Ou aqueles vídeos e posts nas redes sociais do 'pai de santo' dando data para o fim da doença, mas já anunciando uma nova pandemia se os homens não mudarem. Ou o padre e o pastor daquela igreja evangélica 'gente boa', dizendo que a Covid-19 veio para purgar os pecados dos homens na terra. Ou seja, todo mundo, nestes tempos de pandemia, virou um 'especialista de mão cheia', deixando os doutores no 'chinelo'.
Assim, amigos, o que fazer? Assistir as lives sertanejas na tevê, com os cantores famosos ganhando milhões de cliques e aparecendo cada vez mais bêbados? Ou bater panela cada vez que o presidente Jair Bolsonaro mandar que todo mundo volte ao trabalho? Ou devemos optar por uma rave na sacada dos nossos apartamentos, tão em moda depois que o fato foi realizado na Itália. Ou continuarmos a jogar água sanitária nos pés, nos calçados, nos pisos quando saímos somente para jogar o lixo. E pior, sempre tem uma vizinha pra te criticar porque você está sem máscara ou algo parecido!
Ou então, racionalmente, sairmos, ainda que de forma paulatina, para nossas atividades comerciais, levando todas as orientações dos doutores em saúde para o nosso ambiente de trabalho? Pautando este retorno - sob o olhar de alguns PHDs -, que conceituam a economia como a forma social que os homens administram seus escassos recursos. E com a pandemia, prometendo ficar ainda mais escassos. Gerando medo e instabilidade econômica, já com centenas de governos buscando exaustivamente novas armas e usando as 'velhas' com cautela, para tentar evitar um colapso nos negócios. Buscando, às duras penas, encontrar uma frágil sustentabilidade econômica, em meio a uma abrupta queda nas vendas.
E isto diante de uma outra verdade: o pico da pandemia ainda não chegou. Na verdade, todos os dias é anunciada uma nova data para esse pico chegar ou que é impossível, sobretudo, prever como o surto global vai evoluir.
Desta forma, temerosa como muitos dos meus amigos que lutam pela manutenção do seus negócios e de seus empregados, tendo como contrapartida recursos cada vez menores, pergunto: o que devemos fazer? Mesmo sabendo que estamos diante de uma doença nova, misteriosa e longe de ser um 'resfriadinho'.
Bom! Para quem me conhece, sabe que sou a favor de seguir, rigidamente, as orientações do Ministério da Saúde. Desta forma, colocando em teletrabalho os que possuem 'comorbidades' ou mantendo nossos idosos no isolamento social. Paralelamente, começarmos a voltar à vida normal, às atividades comerciais. Reiterando: que esta volta seja realizada em um ambiente de trabalho que siga, rigorosamente, as exigências de higienização, álcool em gel e máscaras, como forma de se evitar uma infecção. Mas, igualmente, assegurando que a crise econômica não bata às nossas portas.
Uma coisa é certa: não podemos ficar em isolamento a vida inteira, porque chegaremos a um caos econômico tão trágico que, com certeza, as mortes causadas por outros males devido à fome serão bem maiores do que as causadas pela Covid-19. Temos que encontrar uma forma de nos reinventar para que possamos voltar à nossa rotina.
A crise, tanto na saúde quanto na economia, é real e letal. Ambas estão na nossa porta, então teremos que encarar as duas de frente e vencê-las da melhor maneira, nos livrando delas.
Não podemos nos acovardar diante desse caos. É hora de arregaçar as mangas e ir à luta!
Lucy Macedo é empresária, diretora do site Única News e Revista Única.