facebook instagram
Cuiabá, 07 de Outubro de 2024
logo
07 de Outubro de 2024

Opinião Domingo, 26 de Julho de 2020, 16:03 - A | A

26 de Julho de 2020, 16h:03 - A | A

Opinião /

O pior da covid-19 não foram as dores, mas não poder abraçar meu filho

Não saiam sem máscaras e abusem de álcool em gel e das regras de higienização pessoal

Lucy Macedo



A verdade é uma só: todos ficamos em pânico com a chegada da pandemia da covid-19 em nossas vidas. Sobretudo, porque a doença, que chegou para viver no meio de nós, é um vírus de fácil disseminação e de alta letalidade. Tudo que sabemos, ainda hoje, sobre estas pandemias, temos que correr e buscá-las nos registros históricos.

Afinal, a última ocorreu no início do século passado, em 1918, há 102 anos. E, assim como o novo coronavírus, a Gripe Espanhola pegou todo mundo de surpresa. Com três ondas de reinfecção global, em dois anos deixou um saldo de pelo menos 50 milhões de mortos.  

Com a expansão da infecção, sintomas como dificuldade para respirar, febre, cansaço e os óbitos decorrentes do coronavírus, acabaram sendo as frases mais repetidas nestes últimos meses nas redes sociais, na TV e, claro, em todas as rodas de conversas. Antes online e, agora, muito possivelmente de forma presencial, pelo menos em Mato Grosso, com a retomada das atividades econômicas, após o anúncio do governador Mauro Mendes de flexibilização das medidas restritivas contra a infecção. Ainda que guardando o distanciamento de um metro e em meio e regras de biossegurança e medidas não farmacológicas, como máscaras e álcool em gel.  

No entanto, para quem contraiu a doença, como eu, agora terminando o ciclo viral, sabemos que o novo coronavírus tem aspectos sociais que o diferencia de outras doenças, como a gripe e a dengue, por exemplo. Um deles – em particular, muito difícil – é o choque emocional, quando se recebe o diagnóstico positivo. Depois o isolamento obrigatório, principalmente para quem tem um filho pequeno, como eu tenho, e precisa todos os dias vê-lo de longe. Cheguei a me perguntar, naquele silêncio interno, cheio de dúvidas: ‘E agora, meu Deus, o que vai ser do meu filho, caso ocorra algo de ruim comigo?’  

Logo que tive os primeiros sintomas, como dor de cabeça e os outros típicos da doença, como dor nos olhos, na nuca, no corpo, mais especificamente nas pernas, febre, cansaço, dor no peito, enfim, corri para o pronto atendimento da Unimed. Fiz tomografia torácica e logo foi constatado um pequeno comprometimento pulmonar. Depois, o diagnóstico de que tinha contraído a covid-19. Busquei ajuda imediata. No meu caso, todo o meu tratamento foi conduzido por minha médica, Dra Karin Krause, que já salvou minha vida uma vez, assim, obviamente, tem minha total confiança.  

A exemplo de muitas pessoas que realizaram tratamento precoce contra a covid-19, fiz uso de cloroquina, azitromicina, zinco e vitamina D. Já havia tomado uma dose de Ivermectina, um tempo antes de positivar para a covid-19, e fiz uso de outra dose no início dos sintomas. E, claro, além das medidas de contenção da doença, realizei um rigoroso isolamento domiciliar.  

Hoje, saindo deste ciclo viral, acho muito importante compartilhar com as pessoas esta experiência, pois quanto mais informações sobre sintomas, mais gente poderá ser salva e, sobretudo, se conscientizar sobre a necessidade de realizar o tratamento precoce. Esta é uma ação que, além de fundamental, pode fazer a diferença entre se manter em distanciamento domiciliar e ir parar em um leito clínico ou, pior, em um leito de UTI.  

Para mim, pessoalmente, o pior dessa doença foi não poder abraçar e beijar meu filho Benício. Não poder fazer, diariamente, as orações com ele, ou colocá-lo para dormir. Vê-lo em um distanciamento gigante, necessário para evitar o contágio, não feriu só meu coração, causou uma dor imensa à minha alma.

Boa parte do dia, ele chegava na porta do meu quarto e me perguntava se já poderia me abraçar. Ou, pior, quando poderia me abraçar de novo. Meu Deus, como isso dói!  

Assim, posso garantir a todos que, pior do que sofrer com o ar, que não chega aos pulmões e o mal-estar que domina todo o corpo, não é o medo tão somente da morte – isto passa, sim, pela cabeça da gente –, mas o medo, como mãe, de faltar a meu filho, que é ainda uma criança. Além disso, ficar longe dos meus pais, que estão no grupo de risco, como idosos, e de meus amigos, já que esta é a primeira medida que se toma após receber o diagnóstico.  

Acreditem, o contato reduzido a zero acaba virando um tormento, pois como uma boa brasileira, adoro abraços, beijos, encontros e muitos risos. Assim, a notícia da cura vem como um acalento, nestes tempos difíceis, com informações de experimentos dando certo e com a promessa de que a vacina contra a covid-19 pode ficar pronta para distribuição ainda este ano.  

Assim, meus amigos, que todos nós possamos seguir com nossas vidas, pois ela continua. Obviamente, agora, sob um novo olhar, um novo normal. Mas devemos redobrar os cuidados neste momento, com a flexibilização das atividades comerciais, inclusive necessária, após meses de paralisia econômica e com tantas pessoas ficando desempregadas e muitas famílias já passando necessidade financeira.  

Que as pessoas que fazem parte dos grupos de risco continuem em casa. Os que precisarem voltar para as ruas, neste 'novo normal', sigam, rigorosamente, as medidas de biossegurança e não farmacológicas. Não saiam sem máscaras e abusem de álcool em gel e das regras de higienização pessoal.  

Que Deus esteja por todos nós!  

Lucy Macedo é empresária, Diretora do site Única News e Revista Única