O ex-secretário de Estado de Administração, Pedro Elias, confessou em seu depoimento que rasgou 14 cheques que juntos somavam R$ 280 mil recebidos a título de propina do empresário Júlio Minori Tisuji, dono da empresa Web Tech Softwares e Serviços Ltda, este por sua vez não confirma a versão apresentada pelo ex-secretário.
No interrogatório realizado no dia 31 de março na sede do Ministério Público Estadual e na presença dos delegados Márcio Moreno e Alexandra Fachone, Pedro Elias contou que em novembro de 2014 procurou Júlio a fim de que lhe pagasse a última parcela e solicitou que fosse em cheque, já que em dinheiro chamaria atenção pelo valor vultuoso.
O empresário entregou os cheques, mas pediu para que não fossem depositados já que era final de ano e estava com muitos compromissos a quitar.
Passados três meses, o ex-secretário procurou Júlio para saber se podia compensar os cheques e o empresário disse que estava com problemas financeiros.
“Que diante de tais noticias o interrogando rasgou os cheques de Júlio e nunca mais o procurou para tratar esse assunto”, diz um trecho do depoimento.
Pedro Elias revelou que em 2013 e 2014 recebeu propina do empresário em três oportunidades. Na primeira parcela recebeu R$ 180 mil, na segunda R$ 170 mil e R$ 160 na terceira, em espécie. Parte teriam sido repassados ao filho do ex-governador Silval Barbosa, Rodrigo Barbosa.
Já Júlio conta que pagou ao ex-secretário durante os dois anos ininterruptos, no entanto, se lembra apenas do valor pago no final de 2014.
“Que efetuou pagamentos de propina para Pedro Elias do início do ano de 2013 até o final de 2014. Que se recorda que no final do ano de 2014 foi o declarante procurado por Pedro Elias o qual exigiu que o declarante lhe repassasse um lote de cheques a fim de garantir o recebimento da propina em razão do último pagamento recebido pelo governo Silval Barbosa. Que o declarante afirma que entregou aproximadamente oito cheques para Pedro Elias no total aproximado de R$ 180.000,00. Que Pedro Elias dizia para o declarante que a propina recebida de sua pessoa não ficava somente com ele, que era dividido entre outras pessoas também, mas não mencionava para quem era destinado”, diz um trecho do depoimento.
Cheque sem compensar
O ex-secretário contou ainda que deixou de compensar um cheque no valor de R$ 155 mil referente a venda de um apartamento – que teria sido adquirido com recurso de propina – para evitar que o esquema fosse descoberto.
Ele disse que recebeu do empresário Willians Paulo Mischur, dono da Consignum, dois apartamentos no valor de R$ 380 mil da Caixa Construções, a título de propina que estavam em atraso, tendo que passar R$ 30 mil de saldo remanescente a construtora.
“Que com relação aos apartamentos do Edifício Dela Rosa o interrogando ficou com o apartamento nº 76, que hoje se encontra alugado, sendo que o apartamento nº 72 o interrogado acabou vendendo para Antonio Carlos, proprietário da CX, pelo valor de R$ 155 mil, que Antonio Carlos, o qual lhe entregou um cheque nesse valor, mas que ainda não foi compensado pelo interrogando devido ao medo de ser descoberto”, diz um trecho do interrogatório.
Delação
Pedro Elias chegou a ser preso, mas foi solto após fazer um acordo de colaboração premiada.
Ele chegou a ser denunciado pela promotora Ana Cristina Bardusco juntamente com mais 16 pessoas, mas ela requereu a aplicação do artigo 4 da Lei de Organização Criminosa, que prevê o benefício do perdão judicial ou redução da pena em até 2/3 se condenados.