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Trabalhista Segunda-feira, 06 de Novembro de 2023, 15:30 - A | A

06 de Novembro de 2023, 15h:30 - A | A

Trabalhista / APÓS INCÊNDIO

Justiça manda empresa garantir trabalho seguro a empregados

A ré tem 15 dias para realizar as adequações constantes na decisão, sob pena de multa de R$ 50 mil por item descumprido

Da Redação



A Justiça do Trabalho mandou a empresa Transportes Luft Ltda, localizada em Sorriso (a 420 km de Cuiabá), adotar um conjunto de medidas destinadas a assegurar a preservação de ambiente de trabalho seguro e sadio, uma vez apurado que, mesmo após ter sofrido incêndio de grandes proporções em outubro de 2022, permaneceu em descumprimento de inúmeras obrigações legais. 

A decisão liminar atendeu o pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT-MT).

A ré tem 15 dias para realizar as adequações constantes da decisão, sob pena de multa de R$ 50 mil por item descumprido.

Na decisão, a Vara do Trabalho de Sorriso levou em consideração os relatórios de fiscalização que indicam, categoricamente, a existência de diversas irregularidades de relevante potencial lesivo no ambiente de trabalho.

"O que se tem nos autos é que a reclamada mantém uma conduta absolutamente indiferente em relação aos órgãos de fiscalização do trabalho e totalmente negligente para com o cumprimento de normas de saúde e segurança ocupacional”, afirma-se.

“No atual contexto, o que se tem é que os empregados da ré estão indubitavelmente submetidos a graves riscos no que se refere à integridade física e sua própria vida.”

A operadora agrícola terá que cumprir as obrigações:

1. Apresentar laudo técnico, elaborado por Engenheiro de Segurança do Trabalho ou outro profissional habilitado, atestando as condições atuais de salubridade, estabilidade e segurança da edificação objeto do referido incêndio;

2. Providenciar, para todos os(as) trabalhadores(as), informações sobre: utilização dos equipamentos de combate ao incêndio; procedimentos de resposta aos cenários de emergências e para evacuação dos locais de trabalho com segurança; e dispositivos de alarme existentes;

3. Elaborar Plano de Ação, indicando as medidas de prevenção a serem introduzidas, aprimoradas ou mantidas;

4. Avaliar os riscos ocupacionais relativos aos perigos identificados no estabelecimento; e

5. Estabelecer, implementar e manter procedimentos de respostas aos cenários de emergências, de acordo com os riscos, as características e as circunstâncias das atividades, prevendo os meios e recursos necessários para os primeiros socorros, encaminhamento de acidentados e abandono e as medidas necessárias para os cenários de emergências de grande magnitude, quando aplicável.

A ação 

O MPT-MT, por meio da Procuradoria do Trabalho no Município de Sinop, destacou em ação civil publica que, à época do referido incêndio, foi constatado pelo Corpo de Bombeiros e pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) que houve queima de defensivos agrícolas, sendo que a empresa já havia sido autuada pelo Indea no mês anterior ao ocorrido, exatamente por armazenar os agrotóxicos de forma incorreta, ou seja, fora da capacidade do depósito (armazém) e em tendas, o que agrava a conduta ilícita.

No curso das investigações, a Superintendência Regional do Trabalho de Mato Grosso (SRT-MT) apresentou relatório de fiscalização com apuração de irregularidades (objetos de lavratura de autos de infração) que demonstram que a empresa expôs os trabalhadores a graves riscos por ocasião do incêndio e, meses após o evento, manteve-os em ambiente de trabalho irregular, deixando, por exemplo, de apresentar documentos sujeitos à inspeção do trabalho; de providenciar aos trabalhadores, informações sobre proteção contra incêndio previstas em lei; e de elaborar plano de ação com indicação das medidas de prevenção a serem introduzidas, aprimoradas ou mantidas.

“Mesmo tendo sofrido o infortúnio do incêndio supracitado, a empresa não apresentou Plano de Resposta a Emergências ou qualquer outro documento que evidenciasse o estabelecimento, implementação ou manutenção de procedimentos de respostas aos cenários de emergências”, certificou a SRT-MT. “A gestão contínua dos riscos ocupacionais, com vistas à melhoria das condições de saúde e segurança do trabalho, demanda a previsão de ações para eventuais cenários de emergência. Somente com a realização de um PRE completo é possível evitar-se consequências deletérias para a saúde e segurança dos empregados diante de um caso emergencial”, concluiu.

Em face das irregularidades, o MPT-MT ajuizou ação “a fim de fazer cessar a continuidade da conduta ilícita e evitar sua repetição, além de impor à demandada a obrigação de dar/pagar em decorrência do dano moral coletivo perpetrado”, visto que “houve lesão coletiva por meio de afronta aos valores sociais do trabalho, à dignidade do trabalhador, ao pleno emprego e, em especial, a todas as regras referentes à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”. (Com informações da Assessoria do MPT-MT)