O vaqueiro José Bonfim Alves Santana pegou 47 anos e três meses de prisão e mais um ano de detenção e 60 dias de multa, pela morte dos procuradores Saint’Clair Martins Souto e Saint’Clair Diniz Martins Souto, pai e filho.
A pena será cumprida em regime fechado.
A sentença foi proferida nesta terça-feira (6) pelo Tribunal do Júri de Vila Rica, presidido pelo juiz Ivan Lúcio Amarante.
Na sessão de julgamento, o réu decidiu usar seu direito de permanecer em silêncio, por isso, não respondeu nenhuma pergunta da acusação e nem dos jurados. Ele apenas pediu desculpas à família da vítima e às pessoas que estavam presentes na audiência.
Ele chegou a confessar os crimes de homicídio e porte ilegal de arma de fogo, mas não reconheceu os delitos de ocultação de cadáver e fraude processual.
Pela morte do pai, Saint’Clair Martins Souto, o vaqueiro foi condenado a 25 anos e 10 meses de prisão. Já pelo homicídio do filho, Saint’Clair Diniz Martins Souto, ele pegou a pena de 19 anos e cinco meses de cadeia.
Da ocultação dos cadáveres das vítimas, dois anos de reclusão e 20 dias multa.
Por fraude processual, ele foi condenado a seis meses de detenção e outros 20 dias multa.
Pelo crime de posse ilegal de arma de fogo, José Bonfim pegou um ano de detenção e 20 dias de multa.
O condenado deve continuar preso, uma vez que respondeu o processo encarcerado.
Entenda o caso
De acordo com a denúncia, no dia 8 de setembro de 2016, as vítimas chegaram à Fazenda Santa Luzia, em Vila Rica, para visitar a propriedade e contar as cabeças de gado. Em um passeio a cavalo, pai e filho deram falta de algumas reses e mencionaram a hipótese de registrarem boletim de ocorrência, diálogo que foi ouvido pelo acusado.
“O denunciado estava negociando o gado das vítimas e se apropriando dos valores obtidos com as vendas, de maneira que das mais de 700 cabeças existentes em novembro de 2015, apenas 89 foram encontradas na fazenda após os fatos”, consta no documento.
No dia seguinte, José Bonfim Alves de Santana e o procurador aposentado saíram para andar a cavalo.
“Durante o passeio, quando estavam a cerca de 1.300 metros da sede da fazenda, movido pela ganância e decidido a manter impune as negociatas de gado ilícitas, o denunciado sacou um revólver e - sem que Saint Clair Martins Souto, pessoa idosa de 78 anos, pudesse esboçar qualquer reação - disparou na direção de suas costas, tendo a vítima sido atingida três vezes de trás para frente, causando-lhe a morte”, narra a denúncia.
Em seguida, retornou à sede da fazenda onde encontrou o filho da vítima, e, dissimuladamente, afirmou que seu pai havia caído do cavalo e que precisava de ajuda para socorrê-lo. Diante da suposta emergência, Saint Clair Diniz Martins Souto acompanhou o gerente da fazenda até o local dos fatos. Chegando lá, ainda movido pela cobiça e pela vontade de se manter impune, o réu sacou mais uma vez a arma de fogo e disparou contra Saint Clair Diniz Martins Souto por três vezes. O vaqueiro deixou os corpos no local, que era de difícil acesso, de forma a esconder os cadáveres e evitar que os homicídios fossem descobertos.
No fim do dia, o acusado deixou a fazenda conduzindo a caminhonete do patrão. Durante o trajeto, queimou as malas com as roupas das vítimas e, ao chegar na cidade, abandonou o veículo. No outro dia, jogou no lixo os aparelhos celulares e os documentos das vítimas.
Somente em 12 de setembro o denunciado fugiu, indo primeiramente para o Pará e depois para o Tocantins, onde foi preso em flagrante com um revólver calibre 38, munições e R$ 5.635,00 em espécie. Interrogado pela autoridade policial, José Bonfim Alves de Santana confessou os crimes.
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