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Cuiabá, 05 de Julho de 2025

Justiça Estadual Quarta-feira, 05 de Maio de 2021, 14:47 - A | A

Quarta-feira, 05 de Maio de 2021, 14h:47 - A | A

MORTE NO ALPHAVILLE

Menor que matou Isabele vai depor como testemunha em processo contra os pais

A garota deve prestar depoimento, via videoconferência, no próximo dia 31, quando ocorrerá a audiência de instrução e julgamento relacionada à ação penal em que os pais dela respondem por diversos crimes, entre eles o de homicídio culposo

Lucielly Melo

O juiz Murilo Moura Mesquita, da 8ª Vara Criminal de Cuiabá, mandou convocar a menor que atirou e matou a adolescente Isabele Guimarães Ramos para depor sobre os fatos no próximo dia 31.

A garota será ouvida pelo magistrado na audiência de instrução e julgamento relacionada ao processo em que seus pais, os empresários Marcelo Martins Cestari e Gaby Soares de Oliveira Cestari, são réus pelos crimes de homicídio culposo, entrega de arma de fogo a pessoa menor, fraude processual e corrupção de menores.

A menor vai ser ouvida na condição de testemunha. O depoimento dela será prestado por videoconferência.

“Tendo em vista que a testemunha (...) encontra-se internada em decorrência dos fatos relacionados à presente ação penal, proceda-se à sua intimação e requisição a fim de que seja inquirida, por videoconferência, por ocasião do ato assinalado para o dia 31.5.2021”, diz trecho do despacho do magistrado proferido nesta terça-feira (4).

Na mesma data, o juiz pretende ouvir outras testemunhas do processo.

O caso

Isabele foi morta após ser atingida por um disparo de arma de fogo no rosto efetuado pela menor, no dia 12 de julho de 2020, no Condomínio Alphaville, em Cuiabá.

No dia dos fatos, o empresário Marcelo Cestari, pai da menor, chegou a ser preso por porte irregular de arma de fogo. Foi ele quem teria dado a arma para a filha guardar, quando ela acabou atingindo a amiga. Após pagar fiança, ele acabou sendo solto.

A internação da menor ocorreu por força da sentença da juíza Cristiane Padim da Silva, da 2ª Vara Especializada da Infância e Juventude da Capital. A magistrada determinou que a garota fique internada por tempo indeterminado. A apreensão poderá ser revista a cada seis meses.

Ao sentenciar o processo, a magistrada levou em consideração que a garota agiu de forma dolosa, impedindo a vítima – tida como melhor amiga – de se defender do ataque. A situação foi considerada como agravante no momento da fixação do tempo em que ela terá que ficar apreendida. Padim ainda destacou que a garota agiu com “frieza, hostilidade, desamor e desumanidade”

A juíza também determinou que o adolescente, ex-namorado da menor infratora, preste serviços comunitários, durante seis meses, e fique em liberdade assistida, por um ano. Ele foi acusado de levar a pistola que resultou na morte de Isabele à casa da então namorada. No ano passado, o pai dele, que também foi indiciado pelo crime de omissão e cautela na arma de fogo, celebrou acordo e pagou R$ 40 mil em troca da extinção da punibilidade.

Já os pais da jovem infratora, Marcelo Cestari e Gaby Soares de Oliveira Cestari, ainda devem ser julgados pelos crimes de homicídio culposo, entrega de arma de fogo a pessoa menor, fraude processual e corrupção de menores. Marcelo também responde por posse ilegal de arma de fogo.

Recentemente, tanto o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) quanto o Supremo Tribunal Federal (STF) negaram a liberdade à garota, que segue internada no Complexo Pomeri, na Capital.