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Cuiabá, 24 de Julho de 2025

Outros Órgãos Terça-feira, 22 de Julho de 2025, 07:31 - A | A

Terça-feira, 22 de Julho de 2025, 07h:31 - A | A

FEMINICÍDIO

Ré que matou adolescente grávida para ficar com bebê vai a júri

O juiz ainda manteve a prisão preventiva da acusada, considerando a gravidade dos fatos e rejeitou o pedido da defesa para instaurar um incidente de insanidade mental

Da Redação

O juiz da 14ª Vara Criminal de Cuiabá, Francisco Ney Gaíva, pronunciou a ré Nataly Helen Martins Pereira, que irá a júri popular pelo assassinato da adolescente grávida, Emelly Beatriz Azevedo Sena, de 16 anos.

Na decisão, que acolheu a denúncia do Ministério Público, o magistrado também reconheceu que há provas suficientes de que Nataly Helen Martins Pereira cometeu o crime de feminicídio, entre outros sete delitos. Ela teria matado a vítima para roubar o bebê.

O juiz ainda manteve a prisão preventiva da acusada, considerando a gravidade dos fatos e rejeitou o pedido da defesa para instaurar um incidente de insanidade mental, por falta de provas de que a ré não tinha capacidade de entender o caráter ilícito de seus atos.

A sentença destacou que a motivação do crime está enraizada em uma lógica de objetificação da mulher, configurando feminicídio nos termos do artigo 121-A do Código Penal, com agravantes por ter sido cometido durante a gestação, com meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.

"Parabenizamos o magistrado sentenciante, o qual adotou a interpretação mais ampla e mais protetiva às mulheres, isto é, a ideia de que o menosprezo pode estar associado à misoginia ou não. Além disso, reconheceu a maternidade como um direito reprodutivo próprio da condição feminina, direito esse negado à vítima Emelly”, destacou o promotor de Justiça Rinaldo Segundo.

O caso

Segundo a denúncia do Ministério Público, Nataly atraiu a adolescente Emelly Beatriz Azevedo Sena e em fase final de gestação, até sua residência no bairro Jardim Florianópolis, sob o pretexto de doar roupas de bebê.

No local, a acusada teria imobilizado a jovem com um golpe conhecido como “mata-leão”, amarrado seus membros, colocado sacos plásticos em sua cabeça e realizado uma incisão abdominal para retirar o bebê ainda com vida.

A vítima morreu em decorrência de choque hemorrágico, conforme laudo pericial. O corpo foi enterrado nos fundos da casa da acusada, que posteriormente se apresentou em um hospital alegando ter dado à luz em casa, utilizando documentos falsos para sustentar a versão.

Além do feminicídio, Nataly foi pronunciada pelos crimes de: tentativa de aborto sem consentimento da gestante; ocultação de cadáver; subtração de criança para colocação em lar substituto; parto suposto; fraude processual; falsificação de documento particular; e uso de documento falso.

Com a pronúncia, o processo será remetido à 1ª Vara Criminal de Cuiabá para julgamento pelo Tribunal do Júri. (Com informações da Assessoria do MPE)