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Opinião Quarta-feira, 29 de Maio de 2019, 11:34 - A | A

29 de Maio de 2019, 11h:34 - A | A

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Precisamos falar sobre adoção – e agir

A questão é que, mesmo com toda essa ferida exposta de forma inconsequente, esperamos que ocorra um despertar dos legisladores e daqueles que podem modificar essa realidade que é tão dolorida



Acolher o próximo, de forma espontânea, como um novo integrante da sua família é um ato de amor. Incentivar a adoção e auxiliar nesse processo é a missão da Ampara (Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção), que abraçou essa causa em 2009, data de fundação. Hoje, dez anos depois, essa missão só se fortalece e se multiplica. 

Encerramos a “Semana da Adoção”, celebrada oficialmente no dia 25 de maio, com várias atividades voltadas para o despertar da atitude adotiva. Mais do que desmistificar o tema pelo país, colocamos o tema em pauta. Afinal, discutir a adoção é preciso. Até porque discutir a adoção é também discutir sobre o futuro de milhares de crianças e adolescentes pelo Brasil. 

Para tal, contamos com diversas ações em Mato Grosso. Por iniciativa do vereador Marcelo Bussiki, realizamos uma sessão solene na Câmara Municipal de Cuiabá para homenagear a rede de apoio à adoção. 

Participamos de ações do “Projeto Família Direito de Todos – Sonho de Muitos”, cujo objetivo é mostrar a diversidade da “Construção Familiar” pela adoção tardia (grupos de irmãos, crianças com mais de três anos, crianças com deficiências e/ou doenças crônicas), que contou com momentos de convivência social entre famílias adotivas e adolescentes aptos à adoção com a realização da ação “Adoção na Passarela”, em conjunto com a Comissão da Infância e Juventude da OAB/MT. 

Dados estatísticos do Cadastro Nacional da Adoção, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), apontam que, até o final de abril, havia mais de 45.900 pretendentes, e mais de 9.500 crianças disponíveis para adoção no Brasil. Do total de crianças, 67,6% têm idade entre sete e 17 anos; 49,5% são pardas; 55,34% têm irmãos; e 25% possuem algum problema de saúde. 

Em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso (TJMT), realizamos a solenidade de premiação do “8º Concurso de Redação”, trabalho desenvolvido com alunos do 6º ao 9º ano, que teve como objetivo incentivar a construção de uma sociedade sem mitos e preconceitos em relação à adoção.

Na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), promovemos o seminário “Da Concepção à Convivência Familiar”, que contou com a participação de acadêmicos dos cursos de Psicologia, Serviço Social e Direito. E, por fim, realizamos a 11ª “Caminhada da Adoção”, uma iniciativa que reuniu famílias adotivas, autoridades da rede e a sociedade pela sensibilização em nome do amor. 

Foi uma semana intensa, repleta de afeto e alegria, cujos frutos ainda não conhecemos totalmente. Mas, uma certeza paira no ar: quem participou dessa programação (e não foram poucas pessoas), saiu diferente. 

É oportuno citar que uma dessas ações foi alvo de críticas distorcidas antes mesmo de sua realização: a “Adoção na Passarela”. Muitos sequer buscaram informações antes de emitirem juízo de valor sobre o evento. Tais críticas viralizaram pela internet e, apesar de muitas apresentarem teor negativo, foram responsáveis por algo ainda maior e positivo: o mundo todo (literalmente) discutiu o tema adoção. 

Por outro lado, esse episódio trouxe tristeza para todos os envolvidos e que foram ofendidos no processo. Inclusive, famílias adotivas, voluntários dos grupos de apoio à adoção, instituições parceiras e de acolhimento. Isto, sem mensurar a ofensa àqueles meninos e meninas que estão próximos de sair do acolhimento e observaram toda essa celeuma. 

A questão é que, mesmo com toda essa ferida exposta de forma inconsequente, esperamos que ocorra um despertar dos legisladores e daqueles que podem modificar essa realidade que é tão dolorida. 

Iniciativas com a mesma metodologia são realidade por todo o país. São iniciativas louváveis de pessoas comprometidas com a defesa da criança e do adolescente e apoiadas pelo CNJ, cujo site sempre divulga. 

Neste viés, convido você – crítico ou simpatizante com a causa – a vir conhecer as nossas atividades. Venha contribuir para o aperfeiçoamento dos nossos projetos e fazer a diferença na sociedade de forma positiva, imparcial e construtiva. 

Essa é uma longa caminhada, mas – juntos – podemos ir além. 

Lindacir Rocha Bernardon é presidente da Ampara