Ao tomar posse como nova desembargadora do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) nesta sexta-feira (27), Graciema Ribeiro de Caravellas se emocionou ao relembrar a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que a condenou à aposentadoria compulsória por supostamente se envolver no “Escândalo da Maçonaria”.
A condenação foi cassada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no ano passado, que inocentou a magistrada da acusação de que teria ajudado a desviar dinheiro do Judiciário para ajudar financeiramente uma cooperativa de crédito da loja Maçônica Grande Oriente do Estado de Mato Grosso.
Durante discurso de posse, Graciema afirmou que, após longa e exaustiva espera, pôde ver resgatada a sua dignidade e reconhecida sua inocência.
“Meu nome, que nunca havia sofrido qualquer nódoa, nem por simples reclamação funcional, foi repentinamente jogado ao vento, com todas as forças disseminantes por parte da imprensa, talvez até por desconhecimento da realidade dos fatos, o que culminou numa posterior decisão administrativa injusta, destruindo toda uma vida de luta, digna e honrada dedicação no nobre exercício da judicatura. Infelizmente, julgada antes por parte da mídia, que deturpava os fatos, acabei julgada injustamente pelo CNJ e aposentada compulsoriamente em 2010, em processo administrativo instaurado”.
“Desde então, passei ao lado das minhas filhas, genros e netos longos e angustiantes anos a fio, aguardando que a justiça fosse feita e que Deus me concedesse a graça de viver o tempo suficiente, que hoje me é concedido, para ver resgatada a minha dignidade e reconhecida a minha inocência, para que minha descendência não se visse marcada por uma conduta ofensiva à ética funcional a mim injustamente atribuída”, completou.
Graciema ficará pouco tempo ativa no cargo – já que em janeiro, completa 75 anos, idade máxima para a permanência na magistratura. Mesmo assim, considerou que o período será o suficiente para concluir a carreira “com a cabeça erguida, com minha honra e dignidade resgatadas.
“Hoje, após 36 anos de magistratura, estou aqui honrada e honrosamente assumindo o cargo de desembargadora, pela estreita porta da antiguidade, alcançada pelo decurso do tempo e ao qual fazia jus e era merecedora desde 2011”, enfatizou.
Com a posse de Graciema, a Corte passa a contar com 11 desembargadoras.
Currículo
Graciema Ribeiro de Caravellas nasceu em 11 de janeiro de 1949, em Pouso Alegre, Estado de Minas Gerais. Viúva, Graciema Ribeiro de Caravellas tomou posse como juíza substituta em 04 de dezembro de 1986, na Comarca de Pontes e Lacerda, sendo nomeada ao cargo de Juíza de Direito em 16 de janeiro de 1994.
Atualmente integra a Câmara Temporária de Direito Público e Coletivo, tendo atuado também nas comarcas de Rondonópolis, Pedra Preta, Diamantino e Cuiabá. Na Capital, desempenhou a função de juíza titular da Vara Especializada da Infância e Juventude, titular da Primeira Vara Cível de Cuiabá, e da Segunda, Terceira, Quinta, Sexta, Sétima e Oitava Varas Criminais.