facebook instagram
Cuiabá, 26 de Abril de 2024
logo
26 de Abril de 2024

Penal Domingo, 22 de Outubro de 2017, 10:00 - A | A

22 de Outubro de 2017, 10h:00 - A | A

Penal / Delação de Pedro Nadaf

Silval usou R$ 2,5 mi pagos por frigorífico para saldar dívida com deputados

Conforme contou o ex-secretário, em 2012, Silval lhe determinou que procurasse um empresário que pudesse quitar a dívida que tinha contraído junto a uma factoring com o propósito de atender uma dívida política com a Mesa Diretora da AL

Lucielly Melo



O ex-governador Silval Barbosa recebeu R$ 2,5 milhões em propina do frigorífico Mata Boi e utilizou o montante para pagar a aprovação de contas do seu governo na Assembleia Legislativa.

A declaração foi feita pelo ex-secretário da Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), Pedro Nadaf, em um de seus depoimentos prestados junto ao Ministério Público Federal (MPF) e consta em sua colaboração premiada.

Conforme contou o ex-secretário, em 2012, Silval lhe determinou que procurasse um empresário que pudesse quitar a dívida que tinha contraído junto a uma factoring com o propósito de atender um débito político com a Mesa Diretora da AL.

Logo após referida proposta, Ciro Zanchet Miotto confirmou a solicitação aduzindo que poderia contribuir com o governo assumindo assim a dívida aproximada de R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) com Ricardo Neves

“Recorda-se que essa demanda se tratava do valor que Silval Barbosa devia para deputados estaduais por conta da aprovação das contas do governo do ano de 2010”, esclareceu.

“Diante dessa dívida de Silval Barbosa tem conhecimento que o então primeiro secretário da Assembleia, Sérgio Ricardo, mediante prévia autorização do ex-governador, pegou a título de pagamento dessa dívida junto ao desconhecido do Declarante, mas que ao final, já computados juros e correções, porquanto a dívida já existia há mais de dois anos, perfez o valor aproximado de 2.500.00,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), permanecendo assim a dívida entre Silval Barbosa e Ricardo Neves”, continuou.

Em conversa com o operador financeiro Ricardo Neves, Pedro Nadaf explicou que tinha que conseguir um empresário para auxiliar a liquidar a débito, tendo Ricardo “se prontificado a procurar alguém conhecido e de sua confiança que o pudesse auxiliar”.

Posteriormente, Neves apresentou ao ex-secretário o dono do Frigorífico Mata Boi, Ciro Zanchet Miotto, ocasião que Nadaf ofereceu incentivos fiscais do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Prodeic) em troca de repasse de propinas a fim de saldar a dívida milionária que Silval tinha com Ricardo.

“Logo após referida proposta, Ciro Zanchet Miotto confirmou a solicitação aduzindo que poderia contribuir com o governo assumindo assim a dívida aproximada de R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) com Ricardo Neves”, explicou.

Como combinado, o ex-Sicme concedeu os benefícios fiscais para o frigorífico, tendo Miotto pago diretamente o operador financeiro, entre os anos de 2012 a 2014.

Nadaf beneficiado

Conforme narrou o delator, o proprietário do Mata Boi também lhe ofertou “retornos”.

“Além do pagamento dessa dívida de campanha diretamente com Ricardo Neves, Ciro Zanchet Miotto entregou ao Declarante, também a título de propinas por conta dos incentivos fiscais que foram concedidos à sua empresa, durante os anos de 2012 a 2014, em quatro situações cujas datas não sabe precisar, além de um depósito na conta de sua empresa N.B.C no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), o montante total de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais), na maior parte em dinheiro”, diz outro trecho da delação premiada.

Providências

A Procuradoria-Geral da República (PGR) requereu que este caso seja desmembrado à Sétima Vara Criminal de Cuiabá, visto que as pessoas citadas não possuem prerrogativa de foro.

Ainda solicitou o compartilhamento do anexo com o Ministério Público Estadual (MPE), tendo em vista a narrativa de supostos atos de improbidade administrativa.