facebook instagram
Cuiabá, 17 de Maio de 2024
logo
17 de Maio de 2024

Penal Quinta-feira, 17 de Agosto de 2017, 15:24 - A | A

17 de Agosto de 2017, 15h:24 - A | A

Penal / Durante conferência

Nucci critica abusos em delação premiada e alerta sobre nulidade da Lava Jato

Em seu pronunciamento, ele falou sobre algumas condutas que vêm sendo tomadas na Operação Lava Jato e no caso da delação dos irmãos Wesley e Joesley Batista, do Grupo JBS

Da Redação



“Já não entendo mais nada sobre delação premiada”, declarou o doutrinador jurídico, Guilherme de Souza Nucci, durante palestra da XX Conferência Estadual da Advocacia e XX Semana Jurídica.

O jurista brasileiro também destacou algumas condutas que vêm sendo tomadas na Operação Lava Jato e em casos de grande relevância pública como aconteceu com a delação realizada pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, do Grupo JBS.

Por meio de um posicionamento crítico e analítico, Nucci também rechaçou a postura de determinados operadores do Direito em vazar informações, que deveriam ser mantidas em sigilo judicial, como é o caso do conteúdo de delações premiadas e de interceptações telefônicas. 

Hoje, quando um juiz emite um mandado de prisão, a equipe de reportagem está no local da prisão antes mesmo que os próprios agentes policiais

“Direito não é teatro ou novela que tenha que dar Ibope. Direito e Justiça são coisas muito sérias, que envolvem vidas de pessoas humanas. Não pode ficar ao critério das massas”, asseverou Nucci.

Ao se referir à forma, a qual chamou de equivocada como determinados casos têm ganhado a opinião pública, o doutrinador ponderou que a imprensa tem sido usada, em muitas das vezes, como estratégia a serviço de determinados interesses.

“Hoje, quando um juiz emite um mandado de prisão, a equipe de reportagem está no local da prisão antes mesmo que os próprios agentes policiais. O problema é que essa exposição midiática só funciona para alguns, por uma questão de interesse”, disse Nucci.

Apesar da conduta aparentemente indesejada de determinados veículos de comunicação, Nucci avaliou que a imprensa precisa continuar a fazer o papel de informar.

“Mas a informação, baseada sobre o princípio de liberdade de expressão tem limites, e estes precisam ser respeitados. É uma questão de legalidade”.

Vazamento de colaboração premiada

De acordo com Guilherme Nucci, exemplo mais evidente da discrepância que ocorre no contemporâneo, é o vazamento de conteúdo de colaboração premiada, em muitas vezes de casos que ainda nem sequer foram homologados pela Justiça.

“Quando a Lei 12.450 foi aprovada – Lei da Delação Premiada – fui um entusiasta e acreditei que seria uma fonte para o combate à corrupção e cercear as facções criminosas. Mas, hoje, percebo que, da forma como este instituto jurídico vem sendo tratado, não tem se respeitado o princípio da legalidade”.

Para Nucci, se a justiça deixa de atuar baseada no princípio da legalidade, dá margens para atuar na marginalidade, o que contradiz a intenção de se combater o crime organizado e a corrupção.

Lava Jato

Em relação à Lava Jato, Nucci declarou que existem condutas que vêm sendo praticadas e que colocam em risco todo o trabalho realizado desde 2013 até agora.

“A forma como certas conduções coercitivas estão sendo praticadas, assim como vem ocorrendo a quebra de sigilo de interceptações telefônicas, podem fazer com que toda a Operação Lava Jato seja anulada quando as decisões tomadas em primeira instância subirem para as instâncias superiores”, alertou o doutrinador. (Com informações da Assessoria da OAB-MT)