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Entrevista da Semana Segunda-feira, 15 de Outubro de 2018, 09:53 - A | A

15 de Outubro de 2018, 09h:53 - A | A

Entrevista da Semana / DOIS ANOS DE GESTÃO

Advogado Fábio Capilé fala sobre gestão do IAMAT, eleições da OAB e planos para o futuro

Ele afirmou que não irá abandonar a frente do Iamat para disputar as próximas eleições na OAB-MT, já que estuda uma possível recondução na entidade

Lucielly Melo



O Instituto dos Advogados de Mato-grossenses (IAMAT) é considerada uma das maiores entidades históricas do Estado que, desde 1932, atua para garantir a valorização dos profissionais da advocacia mato-grossense.

Presidente do IAMAT, o advogado Fábio Capilé falou com o Ponto na Curva, no último dia 9, sobre a importância da instituição, das conquistas feitas nos últimos dois anos e revelou seus planos para o futuro.

Ao contar sobre o reconhecimento nacional dado ao órgão, Capilé fez até uma comparação de que o Iamat é como um “pai” da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso (OAB-MT).

“E isso não é diferente nos outros Estados, onde as OABs normalmente nasceram dos Institutos de Advogados. Não há como se falar da história jurídica de nosso Estado sem falar no Instituto”, destacou Fábio.

Ele negou que o Instituto tenha tido algum tipo de “rixa” com a Ordem, reconheceu que as duas instituições atuam de mãos dadas para garantir as prerrogativas de seus membros, mas afirmou que não irá abandonar a frente do Iamat para disputar as próximas eleições na OAB-MT, já que estuda uma possível recondução na entidade.

Veja a entrevista na íntegra:

Ponto na Curva: Em novembro completa dois anos de sua gestão frente ao Instituto dos Advogados Mato-grossenses (IAMAT). Gostaria que fizesse um balanço sobre a administração e os feitos nesse período?

Fábio Capilé: A atual diretoria do IAMAT teve a sua posse no dia 16 de novembro de 2016. Um dos principais desafios tidos como meta era fazer com que o instituto saísse da posição de dormência para se tornar uma instituição referência no estado de Mato Grosso. Com muita paciência, persistência e foco, aos poucos fomos desviando dos obstáculos e albergando adesões em tal sentido, ao ponto de termos reconhecimento não só em Mato Grosso como no âmbito nacional. Em pouquíssimo tempo conseguimos imprimir uma dinâmica administrativa e de gestão executiva exemplar que hoje está sendo copiada por várias instituições de outros Estados. Tanto foi a repercussão do trabalho desenvolvido em equipe que fomos homenageados pelo próprio presidente nacional da OAB [Ordem Nacional dos Advogados], Cláudio Lamachia, como também, na condição de presidente fui convidado para palestrar sobre Gestão de Institutos no Institutos dos Advogados do Brasil – IAB, instituição mais antiga do país, com 175 anos de existência. Não bastasse isso, no último dia 28, alguns dos dirigentes foram convidados para um almoço-palestra com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Tófolli, que reconheceu publicamente a importância dos Institutos dos Advogados na construção da democracia no Brasil. Foi elaborada uma pauta versando sobre a defesa da democracia, boas práticas na Justiça e, também, o fortalecimento do Poder Judiciário, dentre outros temas tendo o ministro feito questão de abrir uma agenda com os Presidentes dos Institutos, para discussão dos temas no próximo dia 17 de outubro na sede do STF em Brasília. Foram realizados ainda inúmeros trabalhos de qualidade em nosso Estado, tudo com vista à prestação de um serviço em Excelência no campo da difusão jurídica. Tudo isso nos leva a reflexão e convicção de que realmente estamos no caminho certo voltado exatamente para a valorização do profissional da área jurídica em nosso Estado.

Ponto na Curva; O IAMAT se diferencia da Ordem dos Advogados do Brasil. Em suma, qual sua finalidade?

Fábio Capilé: É importante deixar bem claro que o instituto não é uma associação que foi criada ontem. O instituto nasceu em 1932 sendo a primeira instituição jurídica do Estado de Mato Grosso, criada pelas mãos de José Barnabé de Mesquita, em um momento em que ele já havia criado o Instituto Histórico Geográfico e a Academia Mato-grossense de Letras, sendo as três instituições coirmãs. O IAMAT, como é conhecido, foi criado exatamente para regular a atividade da advocacia do Estado naquela época, sendo que os seus membros reuniram-se e resolveram criar a OAB em nosso Estado no ano de 1933. Assim, podemos dizer que o Instituto é o pai da OAB em Mato Grosso. E isso não é diferente nos outros Estados, onde as OABs normalmente nasceram dos Institutos de Advogados. Dentre os presidentes do Instituto ao longo da história podemos citar Benedito Silva Freire, Dr. Paraná, Gervásio Leite. Não há como se falar da história jurídica de nosso Estado sem falar no Instituto. Pela sua condição, que precede a OAB, não há que se falar em qualquer tipo de concorrência entre as referidas instituições, o que vem sendo demonstrado através de um trabalho pontual na defesa da democracia, legalidade, estando assentado em um tripé voltado para o resgate histórico, o compromisso social e a difusão jurídica. Após tais conquistas, os advogados passaram a compreender de forma muito clara sobre a finalidade e o campo de atuação do Instituto. As pessoas encaram o instituto de uma forma muito diferente. Os advogados e advogadas hoje em dia tem curiosidade em saber sobre as atividades do Instituto, as suas programações, demonstram interesse em participar, contribuir e integrá-lo, tudo considerando o alto nível dos debates e dos eventos promovidos. Emerge uma instituição para fazer a diferença no campo do aprimoramento jurídico.

Ponto na Curva: O senhor citou a atuação do Instituto em três áreas. Fale um pouco mais sobre elas?

Fábio Capilé: No campo social, temos um projeto vinculado ao grupo Humanizando, que é o natal dos sonhos, das crianças em tratamento contra o câncer. O IAMAT atua subsidiando o grupo para a realização do evento patrocinando a estrutura recreativa para as crianças. Então toda a parte estrutural para brincadeiras desse evento o instituto acaba abraçando e desenvolvendo. Já por dois anos consecutivos, o instituto já vem desempenhando tal papel com grande êxito. Toda a parte de parquinho e outras coisas a mais o instituto é responsável. Podemos dizer que só existe essa parte estrutural porque o instituto está ali, o que atrai ainda maior responsabilidade para os membros no sentido de garantir a realização dos próximos. É bom evidenciar que esse projeto só existe graças a persistência de pessoas iluminadas, tal qual a coordenadora do projeto, Samia Barros, que abraçam as crianças, e se preocupam em dar o melhor de si para quem necessita. A preocupação maior é transformar o sonho de uma criança em realidade. Um presente desejado e recebido pode representar a estruturação psicológica de uma criança na busca do enfrentamento da doença e de um dolorido percurso de tratamento. A esperança depositada em um presente pode representar a recuperação completa daquela criança. Quem desenvolve trabalho social em tais ambientes sabe muito bem o que estou dizendo. Por isso estamos preocupados em fazer o sonho daquelas crianças se tornarem realidade, pois a materialização desse sonho pode significar a própria cura e isso tem transformado a vida de uma série de crianças e de pessoas, que indo a esses eventos acabam criando uma conscientização social e apadrinhando novas crianças, gerando um verdadeiro ciclo de generosidade. No campo histórico, o instituto recentemente estabeleceu uma parceria junto ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso, visando o resgate histórico da cultura jurídica de Mato Grosso. Temos como principal intenção fazer com que as novas gerações saibam tudo acerca da construção do sistema jurídico no âmbito regional da época da colônia até os dias atuais. É necessário volver os olhos ao passado para que possamos nos impulsionar para o futuro. O IAMAT chegou com uma proposta ousada e o Tribunal de Justiça vem acreditando e endossando a sua proposta, tudo com vista à valorização e resgate da nossa cultura. Não somos nada sem nossas raízes históricas. Quanto à difusão jurídica, conseguimos muitas realizações dentro e fora de Mato Grosso. Em menos de dois anos de gestão além de conseguirmos realizar palestras e cursos em excelência, ainda, diante da referência, trouxemos para nosso Estado o Colégio de Presidentes dos Institutos dos Advogados, reunindo presidentes de todo o Brasil. A organização do Instituto despertou a curiosidade dos demais, tanto é que, fomos indicados pelo presidente do Colégio para implementar um sistema de gestão de institutos no campo nacional, estando tal tema inserido nos últimos quatro eventos do colégio de presidentes, com previsão de uma palestra para o próximo evento a ser realizado em Porto Alegre-RS. Mato Grosso se tornou referência através do IAMAT em razão da qualidade dos trabalhos aqui desenvolvidos, isso, graças ao trabalho dos incansáveis membros que o integram.

Ponto na Curva: O mandato do senhor está perto de se encerrar, gostaria de saber se você pretende uma recondução. Fala-se muito que usaria o instituto como trampolim político para uma eventual disputa na eleição da OAB, que inclusive se aproxima. Qual o futuro de Fábio Capilé?

Fábio Capilé: A realidade é que o instituto está conquistando muita coisa. Esse trabalho coletivo tem sido muito importante para a valorização da advocacia. Não só a OAB como o instituto tem condições de contribuir significativamente para o aprimoramento e para o crescimento dos advogados. Se alguém chegou a mencionar ou pensar que eu utilizaria do Instituto para pleitear cargo na OAB, isso é pensar muito pequeno. É preciso enxergar a realidade que se apresenta. O Instituto é muito maior que isso e deve ser respeitado! Diante do trabalho que já vinha sendo realizado desde o início e das projeções futuras, desde lá trás já havia definido e declarado para os próprios membros do instituto que não participaria do próximo pleito eleitoral da OAB, até porque sinto que o instituto tem contribuído de uma forma significativa para a valorização da advocacia do nosso Estado e até de fora dele, sendo referência no país inteiro. Nunca fiz um só comentário com qualquer advogado sobre o tema eleições de OAB. Mesmo assim, recebi telefonemas de advogados de todo o Estado afirmando e reafirmando o compromisso de me apoiar nas eleições. Contudo, fui enfático no sentido de que a prioridade neste momento é o instituto. O instituto ainda crescerá muito mais. Estamos apenas no começo das atividades, pois a ideia é trazer para Mato Grosso mestres, doutores e pós-doutores, para que os advogados tenham acesso a esse conhecimento de extrema qualidade e a tão almejada reciclagem profissional. A advocacia tem que ser respeitada, e acima de tudo, colocada em um patamar de valorização profissional, para que os que estão iniciando possam transpor as principais barreiras que lhes impedem de seguir na carreira e para que os advogados experientes possam olhar para trás e não se arrependerem de ter escolhido uma profissão tão nobre. Seguiremos em frente, abrindo trincheiras e alargando os espaços de conquistas. Desejo a quem for presidente da OAB/MT que tenha uma administração profícua, centrada e voltada para a classe, para suas angústias, problemas e, essencialmente para a valorização profissional, pois, enquanto Instituto, faremos isso!

Ponto na Curva: A partir dessa decisão de não disputar o pleito na OAB, o senhor vai buscar uma recondução junto ao instituto?

Fábio Capilé: É inegável a união dos membros e podemos dizer que hoje existe um consenso no sentido de realização de boas práticas e de conclusão de projetos que estão em andamento. Dispomos de grandes nomes para geri-lo e creio que os integrantes, no momento certo terão a serenidade necessária para escolher o melhor nome para representá-lo. Estarei trabalhando pelo instituto independentemente de qualquer ocupação interna. Muitos têm manifestado o interesse na minha recondução devido aos trabalhos realizados. Contudo, qualquer decisão deverá ser tomada de forma consensual observando a opinião de todos de forma harmônica, assegurando esse ambiente fraterno e alegre compartilhado no dia a dia. Além do instituto ainda existem outras conquistas no campo jurídico cujos projetos estarão se consolidando no ano que vem e serão oportunamente divulgados.

Ponto na Curva: Quais são os projetos para o futuro? Já tem algumas coisas do instituto, no caso da recondução? Trabalha isso com os demais membros?

Fábio Capilé: Traremos profissionais de fora e estabeleceremos parcerias com instituições públicas e privadas para o aprimoramento e capacitação. Levaremos o conhecimento jurídico para o interior do Estado, intensificando as atividades culturais e sociais já realizadas. Atuaremos em assuntos de grande relevância referentes à advocacia no campo judicial e extrajudicial. Abriremos espaço para novas adesões promovendo ainda uma maior estruturação da instituição. Os projetos são discutidos de forma ampla, recebendo opiniões e sugestões dos membros e dos profissionais do direito, sendo certo que serão implementados independentemente de quem esteja a frente da sua gestão.